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Somatização: Quando os sentimentos causam sintomas físicos

Somatização: Quando os sentimentos causam sintomas físicos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde é diferente de não ter doença, isto quer dizer que ter saúde é usufruir de um bem-estar psíquico, biológico e social.  Essa descrição é uma verdade considerando a vida de seres humanos e animais. 

Sendo assim definimos a Somatização como a manifestação física de sinais que não se relacionam com doenças biológicas. E sim resultado de questões emocionais, energéticas e sociais desequilibradas que se apresentam no físico de alguma forma. 

“Porém, na prática, a somatização costuma passar despercebida por alguns profissionais.  A formação médica tradicional está embasada em assumir a condição de ciência, a medicina tomou por objeto a dimensão biológica do corpo humano em oposição à dimensão psicológico-social, se afastando da visão  unitária e integrada do homem-no-mundo. A prática médica está voltada para a identificação e o tratamento dos distúrbios orgânicos, deixando a maioria dos médicos mal preparados para reconhecer e tratar indivíduos que somatizam” *referência no final do texto. 

É por esse motivo que trazemos para a superfície esse tema. Acreditamos muito que a somatização esteja presente em algumas manifestações físicas de nossos pacientes. Não aprendemos nada sobre esse tema na faculdade ( exatamente como o trecho acima identificado retirado de uma revisão de medicina humana). Mas resolvemos sair totalmente dessa “zona de conforto” conhecida e estudar realmente como fazer para prevenir e curar doenças nos pacientes. Trabalhando através da medicina veterinária integrativa.

Como identificar a somatização? 

Primeiramente descartamos causas biológicas que podem estar presentes confirmando o diagnóstico de alterações físicas apresentadas. 

Após o descarte dessas possibilidades avaliamos o estilo de vida do paciente e da família que ele está inserido. 

Animais que não são estimulados com passeios, brincadeiras, interação social e carinho podem desenvolver desequilíbrios emocionais gerando problemas de pele recorrentes, alergias,  baixa imunidade (ficando doente facilmente e com frequência sem um motivo claro), alteração do apetite, dores inespecíficas e outras alterações. 

A saudade, ruptura de laços afetivos e rejeição também podem causar sintomas físicos. Não é incomum atendermos pacientes que somatizam. Um desses exemplos foi de uma cadelinha que foi resgatada e apresentava diversas áreas avermelhadas no corpo e não respondia a nenhum tratamento convencional. Após 30 dias de sua adoção (um lar extremamente acolhedor) as lesões sumiram completamente.

Outro exemplo foi de uma cadelinha que coçava o ouvido desesperadamente. A tutora já havia procurado diversos veterinários que não constataram problemas no conduto auditivo. Entendendo a história da paciente percebemos que ela estava sofrendo por estresse constante. Não passeava e não tinha nenhum lugar da casa que podia ficar sossegada sem que a criança de 4 anos que morava com eles retirasse ela do seu descanso. A forma que a cadelinha encontrou de ” sair um pouco daquela situação” era coçar as orelhas. Dessa forma a tutora direcionava a atenção a ela retirando daquele momento estressante. Foi só ajustar essa rotina e criar um cantinho só para a cadelinha que resolvemos o problema definitivamente.

O uso dos conhecimentos em comportamento animal, uso de florais, enriquecimento ambiental, respeito aos limites do animal já são suficientes para normalizar diversas questões relacionadas a SOMATIZAÇÃO.

O eixo somático representa a vivência de muitos sentimentos como  medo, estresse, ansiedade, levando os animais ao processo de somatização. E podem resultar em em sintomas físicos das emoções que não foram acolhidas e melhoradas. Quando os seres humanos e os animais apresentam dificuldades em alterar as emoções negativas o organismo entra em colapso.  A mente sinaliza que há algo errado e o sistema imunológico (sistema de defesa) se comunica ao sistema hormonal alterando o organismo e resultando em adoecimento.

O objetivo de atuarmos de forma integrada é justamente para tentarmos identificar os gatilhos possíveis que desencadearam as alterações físicas. Ajustar o estilo de vida dos animais, a nutrição e a relação com o tutor são pontos fundamentais. Mostrar para o tutor o que pode estar influenciando a vida do paciente. Para que juntos possamos encontrar a melhor forma de resolver o problema. 

Quando perguntamos nas consultas veterinárias como o tutor está queremos saber se existe algo errado ocorrendo na vida dele que possa também estar influenciando na saúde do cão ou gato. 

Por isso que o Tutor precisa também manter o equilíbrio emocional e buscar o autoconhecimento.  Buscar novas formas de lidar com as dificuldades (que todas as pessoas enfrentam). E dessa forma atingir o maior equilíbrio usufruindo ao máximo do bem estar físico, social e emocional. 

Não se deve subestimar o poder das emoções na cura e na doença.

Referência do trecho destacado: 

http://repositorio-racs.famerp.br/racs_ol/Vol-11-2/ac09%20-%20id%2036.pdf

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